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Mulheres avançam na ciência e no empreendedorismo, mas desafios persistem

O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, foi instituído pela ONU em 2015 para incentivar a participação feminina na pesquisa e na inovação. A data convida a refletir sobre o papel das mulheres no progresso científico e tecnológico, bem como a importância de uma ciência mais igualitária e inclusiva.

Apesar dos avanços conquistados, a sub-representação feminina nessas áreas ainda é uma realidade. Dados da ONU Mulheres e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indicam que, embora as mulheres sejam maioria nos cursos de ensino superior, apenas 20% seguem carreiras na área de tecnologia, e menos de 10% ocupam cargos de liderança no setor. Além disso, a Unesco aponta que elas representam apenas 33% dos pesquisadores científicos no mundo.

No empreendedorismo de base tecnológica, o cenário é semelhante. Um estudo da National Science Foundation revela que startups lideradas exclusivamente por mulheres recebem apenas 2,3% dos investimentos globais de capital de risco. Barreiras culturais, falta de redes de apoio e menor acesso a financiamento ainda dificultam o crescimento de empreendedoras no setor.

Mesmo diante desses desafios, a interseção entre ciência, tecnologia e empreendedorismo tem se fortalecido, criando possibilidades para mulheres inovarem e ampliarem sua atuação. No Brasil, iniciativas que conectam esses universos desempenham um papel fundamental na promoção da igualdade de gênero.

Divulgação

Duas empreendedoras ilustram esse cenário de transformação: Ana Beatriz Portela, CEO da BP Hub, e Érika Gadelha, bióloga e fundadora da Escrita com Ciência. Ana Beatriz acredita que a tecnologia pode impulsionar a presença feminina no mercado, eliminando barreiras históricas e criando oportunidades para negócios escaláveis. “Redes sociais, Inteligência Artificial e comércio eletrônico reduziram os custos de entrada no mercado, permitindo que mais mulheres empreendam sem precisar de um grande capital inicial”, destaca.

No entanto, ela ressalta que o letramento digital ainda é um desafio. “Se quisermos uma mudança real, precisamos garantir que meninas e mulheres tenham acesso à capacitação tecnológica desde cedo. Isso fortalece a economia e gera impacto social de longo prazo”, observa.

Já Érika Gadelha enxerga a ciência como uma ferramenta de transformação para um futuro mais sustentável. Como especialista em tecnologia de alimentos, sua missão à frente da Escrita com Ciência é aproximar o conhecimento acadêmico do mercado e da sociedade. “A ciência só faz sentido quando gera impacto real. Vejo as mulheres cientistas como agentes fundamentais para a transformação. Nossa perspectiva, que integra sensibilidade, criatividade e resiliência, permite desenvolver soluções que conciliam avanço tecnológico e preservação ambiental”, explica.

Para ela, um dos maiores desafios enfrentados por mulheres na ciência e no empreendedorismo é o acesso ao financiamento. “Startups femininas ainda recebem poucos investimentos. Precisamos superar essas barreiras e fortalecer políticas de inclusão para garantir que as mulheres transformem o setor com suas inovações”, pontua.

O papel do Sebrae no DF

A participação feminina no empreendedorismo e na inovação tem crescido significativamente no Brasil, e o Sebrae no DF tem se empenhado em fomentar esse movimento. Programas voltados para mulheres empreendedoras oferecem capacitação, mentorias e oportunidades para expandir negócios e criar conexões estratégicas.

Um exemplo desse compromisso foi a realização do Movimente – Mulheres Criativas Quebrando Barreiras, evento realizado em 2024 que reuniu empresárias, líderes sociais e agentes públicos para discutir políticas de incentivo ao empreendedorismo feminino. O resultado foi um documento com 51 medidas organizadas em 11 eixos temáticos, entregue ao governo do DF.

Em novembro, esse trabalho culminou na criação do Programa Movimente DF, que visa fortalecer negócios liderados por mulheres e impulsionar sua participação no mercado.

Ao apoiar projetos específicos para inovação e capacitação, o Sebrae no DF busca ampliar as oportunidades para que mais mulheres transformem conhecimento em soluções tecnológicas e científicas, promovendo impacto econômico e social de longo prazo. Dessa forma, a entidade também contribui para o avanço do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS 5), que visa a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas em todas as esferas da sociedade.

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